A. B. Carleial Consulting



My Freedom

An angry poem by A. B. Carleial (1968)

The speck of fancy in my hindered heart

just wishes to marvel at the world!

Let not my conscience dwell in foolish schemes

or in the meager frame of all past dreams

which had their spurts of courage

in sheer equivocation!

Let not the rays of light reaching my eyes

be filtered through old lenses of philosophy

and lose their message of deliberation!

My hopes have long resolved into a straighter vision:

I count with nothing but steadfastness in decision.

I want to feel the force of truths with no classification,

in the stark absence of all mystification.

I want to be as old as the oldest proton,

as young as the youngest flower bud,

as keen as the sharpest blade of grass,

as hard as the toughest block of stone,

perceptive of all things past and future,

and yet alone,

sole as the loneliest atom of the Universe,

and yet as prevalent in my solitude

as the Universe’s most prevailing equation.

The speck of fancy in my hindered mind

wishes to leave all insufficient other fancies behind,

to marvel at a world without false garments,

to marvel at a world without the trappings

created by the wayward brains of fear.

O brave new world that has such people in it,

and then such trees, and then such rocks,

and then such seas, and then such voids!

Perhaps I’ll have to start watching what is near.

Perhaps I should first take whatever I find here,

accepting the eloquence of triviality,

instead of choosing facts within reality.

That may indeed be my first great lesson,

leading my steps to later ways more confident

which probing now might be unwise.

If it takes all my life to cut the webs around me –

these relics of a monstrous convenience –

I’ll waste my life no worse than if I wasted it

in the shallow mirth of pale conformity.

Let the apostles of all earthly creeds come upon me!

Let them fill my ears with masticated phrase!

Let them rake the bottom of their purgatories

with their feigned commiseration for the world!

Let them fight their battles for their ghosts!

Let them pluck my soul into their pyres of desperation!

Let them drag my body to their temples of delusion,

where the icons are their models for humanity,

the models where humanity must fit!

Let them pester me to the edge of loss of sanity!

I will never embrace their doctrines for so little

as the annoying persistence of their noise!

Instead,

when the day of my deliverance comes,

I will at last feel unhindered in my heart,

unhindered in my mind,

to marvel at the world.



Brasil

(Poema escrito em 1960 como tarefa escolar, cinco estrofes de undecassílabos rimados. O autor recebeu do professor uma censura amigável pelo falso testemunho: "Menino, você nunca esteve fora do Brasil!")

Tenho por lugares distantes andado,

terras do oriente, mares do ocidente,

porém, na planura que vi pela frente,

na floresta infinda, no pico nevado,

sempre tudo é pobre de alma e de poesia,

pois tudo lá fulge menos do que em ti.

As águas não correm fortes como aqui,

e não brilha o sol, dourado, todo o dia...

Só tuas aves cantam música de dança!

Só tu tens as folhas verdes ‘té no inverno!

Só há no teu céu o anil, cobalto eterno!

Só tuas matas verdes são pura esperança!

Por isso, suprema terra agraciada,

nunca me agradou aquilo que não é teu,

nem lugar primeiro a outra terra deu

minh’alma de jovem, frente à Pátria amada.

Seja sempre o forte nome varonil

de tal terra tão gloriosa e altaneira,

que seja ele sempre – como a Pátria inteira –

abençoado por Deus, querido Brasil!



Os Braços da Caatinga

(c. 1961)

Eis os braços da caatinga,

hirtos, estendidos para o alto!

Passam as nuvens, lentamente, pelo céu...

Eis os braços da caatinga

a clamar pelo bálsamo da Natureza!

Passam as nuvens, muito brancas,

e vão rumando para longe,

para as serras,

para o mar...

Eis os braços da caatinga

com seus dedos ressequidos apontados para o céu!

O sol risonho brilha alto,

sobre um mar cinzento...

Ei-los – os braços da caatinga –

no desespero último da sede,

como a se estender mais alto

para alcançar aqueles flocos brancos

que o vento vai levando

para as serras, para o mar...

Mas os braços da caatinga são tão curtos!

E as nuvens vão passando,

lentamente,

rumando para as serras,

para o mar...



Quero que Chova esta Noite

(c. 1962)

Quero que chova esta noite

e que a chuva apague os traços

dos meus passos sobre a areia.

Quero que a chuva dissolva,

na escuridão, lentamente,

esse rastro de vergonha,

antes que o sol reapareça

e as testemunhas acordem

para testemunhar.

Só assim poderei ouvir tranqüilo

o cantar dos passarinhos

e o suave roçar das folhas,

seguro de que não falam de mim.

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