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An exercise in writing poetry

When I was in high school in Bahia, students had to read stuff like Homer's Odyssey (in translation, of course) and Castro Alves's poem "Vozes d'África". We were also taught to count syllables, and learned other rudiments of metric and rythm for writing poems. This led me to write the twelve stanzas below, each having as many verses as the number of syllables of its verses, from 1 to 12.

Escrevi os versos abaixo quando estava no curso científico (ensino médio) do Colégio Marista de Salvador, como diversão e exercício de métrica, que eu mesmo me propus fazer. Um verso de uma sílaba, dois versos de duas, três de três, e assim por diante, até a última estrofe, que tem 12 versos de 12 sílabas.

De verme a deus

(c. 1962) (cf. Vozes d'África de Castro Alves)

 

Só.

 

Tão só

que não

 

me acompanha

minha sombra

sempre amiga

 

e companheira,

negra e ligeira.

Estou sozinho,

abandonado.

 

Como se um cão fosse,

lançaram-me aos vermes

nesta cela atroz!

Nem um dia alegre

desde então vivi!

 

Do futuro risonho

consola-me a esperança.

Mas sofro cada dia,

quando vem-me à lembrança

que impunes vós viveis,

e eu nesta vil prisão!

 

Mas não será para sempre.

Num dia que ansioso espero

deixarei meu cativeiro.

Então me vereis falar-vos

não como humilde vassalo,

mas como um deus como vós,

ou mais alto do que vós!

 

No alto do Olimpo, junto a Zeus,

e sob olhares invejosos,

sentarei entre os orgulhosos

e comerei nos pratos seus!

Já vejo tudo desde agora,

pois muito breve estarei fora

desta prisão enegrecida,

e ressurgirei para a vida!

 

Zeus, ó Zeus, onde estás? Não te vejo!

Liberdade te rogo, incessante,

e vingança, vingança, vingança!

Esta cela tem quatro paredes

que me guardam sem dó aqui preso,

conservando em mim o ódio aceso!

E estas cobras e vermes nojentos

enroscando meus pés malferidos...

Zeus, ó Zeus, onde estás? Não te vejo!

 

Espero ainda o momento em que vereis,

levado em grande pompa celestial,

subir eu, elevado sobre os reis!

As grades que me prendem nesta cela

de súbito por terra derrubadas...

Estes vermes e cobras transformados

em dezenas de ninfas encantadas...

Espero ainda o momento em que o vereis:

e em meio a vós, e sobre vós, tereis,

bem junto a Zeus, a mim, que desprezais!

 

Direis que deliro, ou que sou louco, insano;

que o nome de Zeus eu impune profano.

Esperai, porém, orgulhosos covardes,

o momento em que o desprezo vos ferir,

quando Zeus, o pai dos deuses, vos fugir,

para a mim, infame servo, receber!

Quis a sorte que eu ficasse muitos anos

na prisão, e sempre envolto em sujos panos.

Mas um dia hei de chegar para o meu trono –

trono rico, de ouro e prata! – e serei dono

de um lugar – rico lugar! – bem junto a Zeus!

 

Por ora me contento em apenas ficar

mirando o Monte Olimpo, onde hei de habitar...

Lá em cima mora Zeus – e vós, infames deuses –

lá em cima habitarei, por sobre toda a Terra...

Um dia deixarei este lugar imundo,

e então eu subirei, envolto em paz e glória...

A brisa soprará meus cabelos, serena,

e ninfas levarão meu carro para o céu...

E Zeus me aceitará, e cantarei vitória!

A pena estará finda, a honra começada!

Zeus, ó Zeus, onde estás? Apressa esse momento!

Tira-me agora, Zeus, deste quarto nojento!



ADDENDUM

I have added a few more verses below, both old and recent, some of which are light and others perhaps not quite.

Juntei abaixo mais alguns versos antigos e recentes, uns do gênero leve, e outros talvez nem tanto.

 

All rights on the verses by A. B. Carleial on these pages are reserved by the author.

Os direitos sobre os versos de A. B. Carleial destas páginas estão reservados pelo autor.

 

 

 

A Greater Dose of Respect

(c. 1968)

 

A greater dose of respect

for other folks’ intellect,

being of whatever sect

of belief or thought on Earth:

here’s something society needs!

It’s for us to plant the seeds

and enjoy new days of mirth

to which we’ll have given birth

when the whole world hears and heeds.



 

Meu Paraíso Oculto

(Férias no Brejo Seco) (c. 1961)

 

Percorrer, livre e só, sem cuidados,

mangueirais carregados de flor;

ver alegres, ligeiros, ariscos,

passarinhos voando dos galhos;

gozar o ar puro, o sol moderado,

a solidão e o amor à beleza

que aquele sítio empresta a quem vê

suas maravilhas – coisas que Deus

acumulou num canto do mundo...

Bichos correndo, aves bonitas,

sustos, barulhos, quanta emoção,

quanta surpresa escondem recantos

que já conheço, mas não me cansam!

Andar a esmo, desnortear-me,

despreocupado, com a vista solta

pelas plantas, riachos e pedras,

casebres pobres, feitos de barro;

descobrir algum ninho entre as folhas,

ou frutinhas maduras, gostosas,

ou a roça de algum plantador...

Regressar, já faminto e cansado,

à morada das tias queridas;

almoçar conversando com os primos,

e fazer sesta naquela rede,

balançando no alpendre da casa...

Acordar e volver à aventura,

só voltando com a noite a cair...

Eis o dia de quem viveu lá

seus dois meses alegres de férias.

Na partida, que dor eu senti!

No regresso, que alegre serei!



 

La Commedia Apocopiata

 (2019) (cf. La Divina Commedia)

 

Alla fin del cammin della mia vita

mi ritrovai in orbita del mondo,

che la diritta via era infinita!

Quanto a dir qual era è così profondo –

quell’orbita rotonda e alta e fredda –

che nel pensiero tace il vagabondo.




 

Ao Humor Sardento

(c. 1962)

 

Tristonha fábula vos conto agora,

tristonha história que vos apresenta

triste elegia a certo humor sardento.

 

Do imberbe jegue que pasta nas matas

ou nos gramados verdes de algum rei

morto eis o pranto que embebeu seus olhos,

morta a tristeza que inundou seu pranto!

 

Dissera alguém – talvez sem fé – que é santo

quem esse pranto afaga e bem recebe.

Não digais tanto.

Não digais “santo”.

 

Contra esse humor, que cheira a sangue e guerra,

clama o demônio que no inferno grita,

clama o tesouro que jaz sob a terra,

clama o besouro que no céu se agita!

 

No entanto,

morto eis que jaz tal sentimento iníquo.

Repouse sempre neste chão profícuo

seu resto inerte, de uma dor ferina,

que – possuído de fome canina –

respondeu, lúgubre, ao pedido insano!

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